Enfrentar a crise atual com os povos unidos e em luta

[На русском]

 

De la Redacción.

Les sugerimos a su atención el artículo de José Reinaldo de Carvalho, Secretario del CC del Partido Comunista do Brasil, PcdoB (relaciones internacionales).

En el enero de este año, con su participación personal, el camarada Carvalho respaldó el Maratón Antiimperialista “ALERTA” promovido por unos representantes de las organizaciones comunistas de Moscú  (https://www.youtube.com/watch?v=NEERHW3ju4o ).

Hoy día, José Reinaldo de Carvalho comparte con nosotros su pensamiento sobre el tema de la crisis económica mundial, la pandemia y la situación de los trabajadores ligada con esto. En particular, nos relata de las particularidades de la lucha de clase de los trabajadores de Brasil. Este país gigante y determinante de América Latina, sufre hoy la amenaza inmediata del establecimiento de la dictadura de corte fascista.

La Universidad Obrera le agradece a camarada Carvalho por su cooperación, y le envía las palabras solidarias. A los trabajadores de Brasil, y al Partido Comunista do Brasil, les enviamos nuestros deseos de éxitos en su lucha contra la amenaza fascista, por la justicia y el progreso social.

Camaradas, ¡les saludamos en el Día de la Solidaridad Internacional de los Trabajadores!



A pandemia do novo coronavírus é uma trágica comprovação da falência dos sistemas de saúde pública nos países capitalistas, reveladora de uma crise econômica e social sistêmica e dos grandes impasses geopolíticos do mundo contemporâneo.

Os hospitais superlotados, as pessoas morrendo em casa ou mesmo no meio da rua não são meras «deficiências» nem ocorrem por acaso. São os efeitos inevitáveis de políticas antipopulares aplicadas pelos governos a serviço do capital monopolista-financeiro, do corte do gasto público e da falta de atenção para com as necessidades básicas das massas populares.

O Estado capitalista não é capaz de prover as necessidades da população na área da saúde, como a atenção e prevenção primárias, hospitais, médicos e enfermeiros, medicamentos, laboratórios e exames clínicos. A lógica neoliberal que tem prevalecido nos países capitalistas resulta na privatização e mercantilização de todo e qualquer serviço público, o que atingiu em cheio a saúde. Na ocorrência de uma pandemia como a atual, estas falhas se revelam em toda a sua inteireza e provocam efeitos trágicos para a população.

O fenômeno da deterioração da saúde evidencia a natureza antissocial e parasitária do capitalismo, que repercute também nas políticas públicas em geral, na ofensiva contra os direitos trabalhistas e previdenciários dos assalariados, na destruição do Estado de bem-estar, afastando-se o poder público da obrigação com a proteção social.

Este cenário não está desligado da crise econômica e financeira sistêmica do capitalismo, da manifestação das contradições antagônicas do próprio sistema, do desenvolvimento desigual, do parasitismo, das guerras comerciais, da anarquia da produção, dos baixos ritmos de crescimento, da obtenção de superlucros pelos monopólios enquanto aumenta a pauperização das massas trabalhadoras.

«A dívida global é de US$ 250 trilhões, parte dela corresponde a uma dívida corporativa enorme. Por outro lado, existem trilhões de dólares aplicados de forma especulativa nas bolsas de valores e paraísos fiscais. Na medida em que a atividade econômica seja reduzida, as empresas farão fila para serem resgatadas. Este não é o melhor uso dos valiosos recursos da humanidade neste momento. No meio disso, manter os mercados financeiros abertos é um fracasso da imaginação. A queda no valor das bolsas de valores, de Hang Seng a Wall Street, é simplesmente uma maneira de intensificar a ansiedade da sociedade global, uma vez que a saúde da bolsa de valores sempre foi vista, erroneamente, como um indicador de saúde econômica em geral», aponta um estudo da Tricontinental[1]

Outro dado alarmante sobre a crise social atual : «O direito à sobrevivência parece proibido para os mais pobres, segundo analisa a Oxfam. A organização estima que a crise econômica agravada pela pandemia de coronavírus pode jogar mais de 500 milhões de pessoas na pobreza, de acordo com relatório divulgado no início de abril de 2020. O alerta da entidade, que atua em cerca de 90 países, embasa estudo para cobrar do Banco Mundial, FMI e países do G-20 um plano emergencial de resgate dos setores econômicos com maior potencial de promover a reocupação e a retomada das economias a partir da inclusão das pessoas no mundo do trabalho. Do contrário, a garantia de renda e a manutenção dos empregos da população estarão comprometidas». [2]

Em meio à pandemia, ficou evidente a incapacidade da maioria dos Estados capitalistas de dar respostas eficazes e evitar os efeitos mais devastadores da crise. No que o Estado capitalista demonstrou eficiência foi no socorro aos bancos e grandes monopólios, que não esgotam suas manobras para especular e acumular grandes lucros, entre as quais o aumento das formas de exploração e opressão dos trabalhadores e países dependentes.

Os trabalhadores são os que mais sofrem com as políticas das chamadas «reformas estruturais», da desregulamentação das relações de trabalho, da flexibilização das jornadas de trabalho, redução de salários e dispensas, acarretando o desemprego em massa.

Neste quadro de crise sanitária, econômica e social, agravam-se também as tensões geopolíticas. As potências imperialistas, principalmente o imperialismo estadunidense, intensificam a ofensiva brutal contra os povos.

O governo de Donald Trump dirige sua ação especialmente contra países que persistem no caminho da luta por sua independência e soberania.

O imperialismo estadunidense está empenhado numa campanha de agressões retóricas e ameaças à República Popular da China, país socialista que aposta na cooperação internacional e efetivamente atua no sentido de dar assistência a mais de uma centena de países nos esforços para superar a pandemia.

Este mesmo imperialismo intensifica as políticas de bloqueio econômico, comercial e financeiro a países como Cuba, Venezuela, Irã, República Popular Democrática da Coreia e Síria.

Igualmente, os Estados Unidos buscam isolar a Rússia e praticam também para com o país eurasiático uma política de sanções.

É neste contexto que não cessam as ameaças de novos conflitos e atentados à soberania nacional de países e povos independentes.

Na contracorrente, as forças progressistas, patrióticas e amantes da paz participam de campanhas em favor do combate à pandemia e de iniciativas internacionalistas de solidariedade.

São cada vez mais atuais as campanhas em solidariedade à China, Cuba, Venezuela, República Popular Democrática da Coreia, Irã, Síria, Rússia, Palestina e Saara Ocidental.

Estão em curso também, sob a coordenação do Conselho Mundial da Paz, campanhas pela paz mundial, especificamente pela afirmação da América Latina como região de paz, pela dissolução da Otan – Organização do Tratado do Atlântico Norte, braço armado do imperialismo estadunidense -, pelo fim das bases militares estrangeiras, pela abolição das armas nucleares e pelo fortalecimento e aplicação dos princípios da Carta das Nações Unidas, de defesa da autodeterminação das nações e a solução pacífica dos conflitos internacionais.

Diante da crise sanitária, as forças progressistas e os movimentos populares intensificam suas lutas pelo fortalecimento imediato dos sistemas públicos de saúde com fundos estatais, contratação de médicos e enfermeiros com plenos direitos; pelo atendimento a todas as necessidades das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e por prover a infraestrutura necessária para o pleno funcionamento dos serviços de saúde pública e de pesquisa científica; pela provisão de todos os meios de proteção necessários (máscaras, luvas, antissépticos etc.) e pela proteção aos médicos e enfermeiros que lutam nos hospitais com abnegação sacrifício e custo pessoal.

No rol das reivindicações dessas forças progressistas está a proteção à renda dos trabalhadores e direitos populares e a tomada de medidas imediatas para proteger a saúde dos trabalhadores no local de trabalho.

É necessário persistir na defesa da democracia e não permitir nenhuma redução dos direitos democráticos dos povos sob o pretexto do estado de emergência decorrente da pandemia.

No plano das questões geopolíticas, é necessário ampliar a luta pelo fim a todas as sanções e medidas de bloqueio econômico e promover a cooperação internacional.


No Brasil, evolui e aprofunda-se a crise social, econômica e política, agravada pela vigência de um governo antinacional, antipopular e antidemocrático que subestima a crise sanitária e demonstra total despreparo para enfrentá-la. O governo de Jair Bolsonaro, um líder de extrema-direita pró-Estados Unidos, mostra-se incapaz de defender a saúde da população, salvar vidas, preservar os empregos e a renda, além de ameaçar constantemente a vida democrática.

O governo de extrema-direita aprofunda o modelo neoliberal, desmontando as conquistas sociais e o Estado soberano, que eram preservados no período dos governos progressistas (2002-2016), destroça a saúde pública e os direitos dos trabalhadores e torna a economia do país vulnerável perante as potências internacionais.

Insensível aos dramas cotidianos do povo brasileiro, o governo de Bolsonaro é incapaz de prover auxílio emergencial à população durante o período em que as exigências do controle da pandemia obrigam as pessoas permanecerem em casa e reduz a atividade econômica.

O governo se recusa a cumprir as recomendações da Organização Mundial de Saúde, como assegurar as condições para a quarentena e aplicar testes em massa, que são imprescindíveis para orientar e planejar o combate ao vírus; não financia o setor de saúde, que está totalmente despreparado para atender a enorme demanda de equipamentos, hospitais e unidades de tratamento intensivo.

Diante de uma insatisfação que se alastra, o governo Bolsonaro percorre uma deriva antidemocrática e ameaça a nação com medidas que podem conduzir à instauração de um governo ditatorial.

Nesse quadro, as forças progressistas articulam suas lutas e buscam unir-se na oposição ao governo, sustentando reivindicações por direitos sociais, democracia e soberania nacional.

Estão em desenvolvimento esforços dos partidos progressistas, de esquerda e movimentos sociais, sindicais e populares pela formação de uma ampla frente democrática para salvar o país. A palavra de ordem que unifica a todos é «Fora Bolsonaro», que significa pôr fim ao governo de extrema-direita.

José Reinaldo Carvalho, jornalista, editor do site Resistência membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil

Примечания

  1. [https://www.thetricontinental.org/pt-pt/declaracao-covid19/]
  2. [https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2020/04/oxfam-governo-responsavel-impedir-pobreza/]